Teve um dia que eu acordei bem louca - talvez tanto quanto eu costumo acordar, na verdade. Acordei 4h45 da manhã, bebi a minha água, fui ao banheiro (intimidades necessárias para essa coluna), tomei meu shot diário de colágeno e fui meditar, como todas as manhãs. E nessa meditação, eu fui guiada a um mantra que mudou a minha vida: “o tempo não me controla, eu controlo o meu tempo”.
Eu sempre tive orgulho da minha administração quase impecável de tempo. Eu tenho horário para acordar, para beber água, para cada um dos meus projetos, para os meus negócios e até para ir ao banheiro (até aqui, já deu para perceber que eu sou um pouco louca - dizem que as melhores pessoas são assim, né... enfim). Foco é o meu sobrenome.
Para mim, administração de tempo e organização não são traços de personalidade, mas ferramentas necessárias para evoluirmos constantemente e sabermos onde queremos chegar. Ainda continuo acreditando fortemente nisso.
Mas nesse dia, uma chavinha mudou. Percebi que a tal administração impecável havia se tornado um processo travado, eu me cobrava a cada minuto atrasado e ficava aflita quando não cumpria alguma tarefa. Alerta vermelho total: eu estava refém do meu relógio e em um ciclo vicioso difícil de quebrar. E agora, qual é o certo? Agenda impecável ou leveza? Existiria um meio termo? Afinal, tempo é relativo? Resolvi fazer uma experiência!
Comecei a fingir que o relógio parava. Ele parava na hora que eu ia comer (sem telas para não me desconcentrar), ele parava na minha meditação, nas minhas conversas com o meu marido e na minha hora de estudo. O meu relógio começou a parar quando eu resolvia que ele ia parar. E quanto mais desconectada dele e das telas eu ficava, mais devagar o tempo passava. Parece que eu posso, sim, controlar o meu tempo.
O descontrole do meu tempo (de forma consciente) virou a minha meta diária. Curtir os momentos, a paisagem e tudo ao meu redor tomou outro sentido. E tem sido muito bom!
Agora que chegamos até aqui em elocubrações, reflita comigo para um exercício: e se em vez de corrermos “contra o tempo” diariamente, a gente usasse ele como marcas de metros percorridos em uma corrida. Pense na seguinte analogia: cada 1km percorrido equivale a 5 minutos de corrida (só olhando para a linha de chegada) ou 7 minutos de caminhada (admirando a paisagem).
Agora cabe a você ver se vale economizar esses 2 minutos por km.
Vamos admirar a paisagem ou focar na linha de chegada?
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