Madri | Tô aqui, e agora?

Antes de tudo, vamos começar abrindo uma pequena intimidade para você me conhecer melhor e entender essa história? Foram muitas meditações às 4h da manhã, mas hoje eu posso dizer que não sou uma pessoa que chora com facilidade. Na verdade, atualmente, há apenas duas coisas que deixam os meus olhos realmente vermelhos e molhados: 1 – quando eu estou triste com o meu marido por alguma coisa boba (ele fica em choque, pobrezinho - mas estou trabalhando nisso); 2 – quando eu estou feliz com qualquer [pequena] coisa na minha vida. Sim, eu choro de felicidade o tempo todo e é bom demais!

O que me deixa feliz? Muitas coisas, mas especialmente as mais simples: eu choro [isso é verdade] quando eu me preparo para correr em uma manhã com um lindo Sol no céu (e percebo que tenho sorte de ter um corpo forte saudável); eu choro quando eu supero minhas próprias limitações e tenho orgulho de mim; eu choro quando meu coração se sente preenchido por ter vivido algo novo, incrível, que eu não esperava viver. E é aqui que entra Madri, aliás, a Espanha nisso tudo.

Eu tenho vivido um misto de sensações todos os dias que mexem com cada parte de mim, porque estou constantemente me provocando, me testando, aprendendo, explorando e vivendo. Nem sempre eu sou assim, eu sou calculista, metódica e cheia de neuras (só por Deus). Mas não dessa vez, não neste mês. Aqui, eu me prometi falar "sim" para coisas que eu geralmente diria "não". E olha, tem dado muito certo! Que grande surto, hein?!

No começo foi mais difícil, eu estava limitada com algumas vozes que ainda ecoavam na minha cabeça. Eu precisava provar que ia dar tudo certo, que nada aconteceria! E sem perceber, eu já tinha criado mais uma zona de conforto e já estava com uma nova rotina funcionando - eu queria frequentar os lugares que estavam na minha lista e garantir o que era seguro. Mas espera! Não! Não podia ser assim! Não pode ser assim!

Como diria a Dory (Procurando Nemo): "Se nada acontecer com ele, então nada vai acontecer com ele". Gênia.

Se você ainda não percebeu, minha sabedoria emocional vem 90% da Disney. Ponto.

Mas voltando à história, quando eu me dei conta disso, comecei a ter vários papos comigo mesma até entender o quanto era importante dizer "sim" para viver isso tudo. E finalmente eu entendi!

Foi dizendo muitos "sim"que eu: viajei para várias cidades, estudei um novo idioma, participei de congressos de Marketing, fiz Networking, fiz contatos, fiz amigos, tomei muito vinho sozinha, fui a vários restaurantes sozinha, provei comidas diferentes, saí de balada (o que eu mal faço no Brasil), andei muito, fui além das rotas que o Google Maps traçou e fui além do que eu mesma pensei que seria possível para mim. Ufa, ufa, ufa!

E após cada pequena conquista (que para mim são gigantes), eu fiquei orgulhosa de mim mesma e meu coração se encheu de felicidade. Foram nesses momentos que o meu corpo ficou mais leve, a minha respiração ficou mais calma, meus músculos relaxaram, meus olhos começaram a arder devagarzinho, lacrimejaram e... escorreram as lágrimas. Lágrimas de alegria que mostraram [e mostram] o quanto estava [e estou] feliz, realizada e orgulhosa de mim mesma.

Chorei por ver paisagens lindas, por estar me permitindo viver tudo e tanto, por estar mais segura e mais confiante, por conseguir ser tão forte e resistente e não me abalar em qualquer dificuldade. Chorei porque eu me lembrei que eu posso fazer tudo e que a limitação é um monstrinho que vivia só no meu pensamento.

Eu chorei porque eu me senti foda. Chorei porque eu fui foda. Chorei porque eu SOU FODA.

Eu vim para Madri para estudar e trabalhar, mas nunca foi só isso. Foi para me dar a chance de explorar o novo e viver fora da minha zona de conforto, de redirecionar a narrativa da minha vida e trazer ainda mais emoção para o capítulo que estou vivendo. Foi para conhecer lugares que me façam lembrar que o mundo é muito maior do que a minha bolha e que há bilhões de pessoas com culturas, crenças e comportamentos diferentes dos meus.

Foi para me lembrar que ainda há muito a aprender para eu me tornar a pessoa que eu quero ser. Muito mesmo!

Claro que no meio de muita coisa boa, também tiveram muitos perrengues. Alguns dias, até mais do que eu estava preparada. Mas aí eu vesti minha roupa da positividade, respirei fundo e, como diria (de novo) nossa querida Dory: "continuei a nadar". Afinal, são os perrengues que trazem o "clímax" que nos dão a oportunidade de alcançarmos nossa melhor versão. São dos perrengues que vêm as melhores histórias para contarmos no futuro - aquelas que nos fazem perder o ar de tanto rirmos (ou até chorar de tanto rir) das nossas próprias idiotices. E, olha, haja idiotices.

Aliás, se alguém tiver um meme da minha cara com algum rasante de pomba na minha frente ou de eu saindo de algum café porque surgiram pombas no chão, mandem nos comentários que eu dou vários euros para você.

A verdade é que eu não fiz tudo o que eu gostaria aqui na Espanha, mas fiz mais do que eu mesma pensei ser possível para mim e estou orgulhosa da pessoa que eu estou me tornando a cada dia que eu escolho um novo caminho na minha história – a cada "sim" que eu digo.

Estou orgulhosa por nunca aceitar quando alguém me diz que não sou capaz de fazer algo e fazer mesmo assim. Estou orgulhosa por querer sempre mais e ir atrás de sempre mais.

Estou orgulhosa porque eu não me comparo com ninguém, não penso se minhas dificuldades são maiores ou menores do que a dos outros, eu foco nas minhas próprias dores, nos meus próprios medos e luto só contra eles.

Sou eu contra mim mesma – aliás, a favor de mim mesma.

E para todas as neuras que passaram na minha cabeça, eu tenho que agradecer a essa voz que grita no meu ouvido sempre que eu "travo" e me fala:

- Só mais um pouquinho, Aline. Confia, mulher.

Eu devo muito a essa voz!

Que voz!

Espero que ela ecoe na sua cabeça também, onde quer que estejam os seus monstrinhos.

Madri, ainda temos alguns dias para construirmos novas histórias, para curtirmos novas paisagens e conhecermos novas pessoas, mas obrigada por tudo o que vivemos juntas até aqui.

Vamos com tudo! Porque as histórias da minha vida estão só começando.

Até a próxima, meus curiosos. 👩🏽‍🏫