top of page

Qual foi a última vez que você fez algo só para se divertir?

Mas calma lá! Não valem viagens, sair para comer ou qualquer coisa que envolva meditação ou espiritualidade. Por quê? Porque tudo isso não é só para divertir, é para explorar, conhecer, socializar, relaxar. A pergunta é mais profunda: algo que você tenha feito só para se divertir, sabe? Rir, sorrir, gargalhar. Se divertir.

 

Não se sinta mal se essa pergunta estiver sendo difícil para você - ela é difícil para [quase] todo mundo. É difícil quebrarmos padrões, rotinas e vivermos de forma leve. A leveza, às vezes, vem com uma dose extra de culpa, e o mais sensato parece ser trabalhar até entregar o projeto e depois descansar para o próximo dia. Mas aí, onde fica a graça em viver?

 

Levei esse assunto para a minha agência, e claro que as meninas já tinham certeza do meu nível extremo de workaholic dos últimos meses e lançaram: “Aline, você precisa muito se divertir. Faz alguma coisa que você seja ruim, sabe? Tipo cantar... você é boa em cantar?”. Eu disse: “Sou péssima”. Elas: “Então é isso que você deveria fazer. Você deveria ir para um karaokê e cantar – só para se divertir”.

 

Elas me trouxeram uma ideia de que a diversão geralmente vem daquilo que fazemos de forma espontânea, sem motivo, e que fica ainda melhor quando somos ruins naquilo (porque aí a gente não se leva a sério, não tenta ser bom, faz “de qualquer jeito”, só para dar umas risadas).

 

Pelo que parece, eu tento monetizar e aperfeiçoar todas as coisas que eu sou boa (e quando não sou boa, tento aprender até ser boa), e o que era hobby começa a virar compromisso – tipo esse blog, ou o meu livro (que logo será lançado). Até parece que eu não sei me divertir... será?! Ou eu desaprendi?

 

Continuei cavando nesse assunto e resolvi perguntar para os meus pais. Tudo bem, que eu já tinha uma ideia da resposta – e eu acertei em cheio. O meu pai (uma das pessoas mais previsíveis e imprevisíveis (ao mesmo tempo) do mundo) respondeu que é quando ele ouve música. Onde ele vai, ele carrega a sua trilha sonora de rock dos anos 80, em volume compartilhado com quem estiver em volta: “isso que é música boa, filha”- ele sempre diz. E a minha mãe foi ainda mais básica: “Quando eu tomo meu café e assisto TV no fim do dia”.

 

Calma! Será que a resposta está em algo tão simples assim? Karaokê, ouvir música, ver TV, brincar com os filhos, brincar com os cachorrinhos? Os cachorrinhos... claro!

 

A resposta veio: Fredda, Fredda, Fredda! Pobre, Fredda, tanta expectativa em um pequeno “cachorro pônei” – ela vai precisar equilibrar os chakras depois disso. Mas também, convenhamos, quem não for capaz de se divertir com cachorros peludos e fofinhos não tem alma, né amores? (Não tô julgando, só falando...)

 

Com a Fredda, a música do Youtube tem outra graça (ela dança comigo), os passeios de domingo [que antes eram solitários] na rua são cheios de contratempos (sim, ela quer pular nos cachorros, nas pessoas e obedece mais do que muita gente imagina e muito menos do que eu gostaria). Ela é naturalmente divertida, porque ela é espontânea, e não existem padrões de comportamento. Ela deita toda torta, late quando deveria ficar quieta e brinca quando deveria estar dormindo.

 

Já eu sou previsível, calculada, focada. Em outras palavras, sou muito mais chata do que divertida. E depois de toda a minha pesquisa de campo (que envolveu cerca de 10 pessoas da minha bolha, então não confie tanto assim), a diversão está nas coisas mais simples que acontecem na vida.

 

A gente se diverte quando coloca uma música, dá risada da vida, toma um vinho bom (mas também quando toma um ruim e depois ri daquilo). A gente se diverte quando se permite errar; quando ri de si mesmo. A gente se diverte quando abre todas as portas que nos bloqueiam de viver a vida de forma leve e deixa toda a interferência de fora nos contagiar.

 

Quem nunca teve uma crise de riso, está perdendo o melhor lado de viver. Concorda?

 

E nesse processo de cura, de voltar a rir e me divertir com o bobo, eu ensinei a minha cachorra a brincar de esconde-esconde (que ela não faz a mínima ideia do que está fazendo, mas dá certo); eu passei 7 dias na casa dos meus pais para brincar com a minha outra cachorra e bater papo com a minha mãe; eu assisti a reality shows com meu marido só para falarmos mal de pessoas que não conhecemos e rirmos delas, enquanto jantamos comidinhas que eu mesma preparei (dependendo da minha vibe, afinal não sou obrigada); eu saí para beber uma Coca Zero quando todos os outros bebiam cerveja (porque eu gosto de Coca, ué) em um dia “normal”; e o mais importante de tudo: eu voltei a escrever aqui no meu blog.

 

E eu só voltei pela diversão. Não é porque eu preciso, nem porque os outros esperam isso de mim, mas porque eu quero. Quero soltar frases desconexas e conectá-las para alinhar os meus próprios pensamentos (e rir deles). Rir das futilidades da vida, das coisas que eu guardo no coração e tenho vontade de compartilhar. Eu estava sentindo falta desse espaço, e por isso eu voltei. Por mim.

 

Eu amo meu trabalho e me divirto nele, mas eu não o romantizo a ponto de achar que ele vai me entregar tudo o que eu preciso para a minha vida. Eu sei da importância de me desconectar daqui e me reconectar com as pessoas e com os risos e sorrisos que só florescem quando a gente se permite.

 

Vamos nos permitir? Afinal, a vida é isso, não?

 

Até a próxima, meus curiosos!

Posts recentes

Ver tudo

E se a tristeza chegar?

Corremos dela. Corremos o mais rápido que pudermos, rumo à nossa busca imediata do “felizes para sempre”. Aliás, imediata e constante....

2 Comments


Tania Mariano
Tania Mariano
Nov 30

Adorei seu texto, filha! Tambem penso assim, às vezes complicamos a vida buscando a felicidade em coisas materias, sendo que ela está nas coisas mais simples, que o dinheiro nâo compra, por exemplo, o que me deixa mais feliz é quando a gente se reúne e se diverte juntos, a familia toda. Tem coisa melhor que isso?

Like
alinebmariano7
há 7 dias
Replying to

Tempo de qualidade com quem a gente ama é a melhor coisa

Like
bottom of page