Caro curioso e cara curiosa, antes de entrarmos neste texto tão profundo, peço licença para dizer que essas são explanações de uma escritora curiosa sobre o mundo, os seres humanos e suas maiores aflições, medos e oportunidades de superação e evolução. Não é, de forma alguma, um olhar de um especialista, e muito menos com a intenção de banalizar a complexidade das doenças que ainda são tão incompreensíveis para nós. Pedida as devidas concessões, hoje eu quero falar sobre as nossas tristezas mais profundas. A minha, a sua, a de todos nós. Hoje, eu quero falar sobre aquilo que machuca a nossa alma.
E para começar, vou responder que eu espero que sim. Eu espero que seja possível contornarmos doenças da alma com [o que eu considero] curas de alma: amor, trocas profundas e relacionamentos saudáveis. Eu espero que consigamos, cada dia mais, nos desapegarmos dos “ruídos” que confundem nossa cabeça para nos reconectarmos com o que importa de verdade em nossa existência (eu ainda não sei o que é, mas estou tentando descobrir, todos os dias).
“Doença da alma” é como os cristãos chamam a depressão, ansiedade, estresse etc. São as doenças que ferem diretamente a nossa vontade e capacidade de viver - e como teoricamente não há remédio na medicina tradicional para curar a alma, elas não podem ser curadas. Eu sei, é pesado. Como eu não sou cristã, descobri esse termo há alguns dias, e isso arrepiou cada pedacinho de mim, trazendo à tona milhares de pensamentos e reflexões.
Mas o principal foi: o que eu tenho feito para cuidar da minha alma e da alma das pessoas que vivem comigo, para evitar que ela adoeça? Aliás, eu tenho controle sobre isso?
Se eu acordo 4h40 da manhã para meditar e cuidar da minha cabeça e dos meus chakras vitais, me alimento bem e treino todos os dias para cuidar do meu corpo, mantenho meu raciocínio na ativa para evitar doenças cerebrais, o que eu preciso fazer para cuidar da minha alma? O que eu deveria incluir na minha rotina? Novamente, eu tenho controle sobre isso?
No livro Homo Deus, o autor Yuval Harari traz uma reflexão muito interessante sobre a longevidade humana, relacionando nossas doenças a um “problema técnico”, como se alguma engrenagem parasse de funcionar. Ele fala que a medicina está buscando formas de manter essa nossa máquina funcionando melhor e por mais tempo, sem “panes” - o que faz parte da eterna busca em nos tornarmos “Homo Deus”, acima de tudo. Se as previsões estiverem certas e, em alguns séculos, formos capazes de viver cinco vezes mais do que vivemos hoje, vamos ter aprendido, também, a cuidar da alma?
Caso não, vale a pena viver 500 anos, com todas as funções motoras funcionando perfeitamente, mas com a alma doente? Vale a pena viver tanto tempo sem ter vontade de viver?
Eu entendo que a tristeza faz parte da nossa vida e que ela precisa ser sentida e curada, com atenção. E assim temos tentado fazer, certo? Falamos mais sobre saúde mental, estamos procurando mais por especialistas para nos ajudar no processo de autoconhecimento e cura, mas tudo ainda é um grande mistério para a gente. Até porque quando a tristeza vira uma doença de alma, tudo fica muito mais complexo. Mas eu tenho esperança de que a gente descubra o caminho, seja ele qual for!
Esperança que a gente descubra que possamos (pelo menos) cuidar da alma para evitar que ela adoeça. Nem sempre teremos controle, nem sempre será fácil, mas talvez a gente aprenda com o tempo. E talvez, em alguns casos (nem sempre e nem para todos), a gente consiga se cuidar fazendo escolhas mais saudáveis.
Tenho esperança de que a gente entenda que o ser humano não vive sem a natureza, sem a luz do Sol e sem as relações. Que precisamos amar mais, trocar mais, ter relacionamentos mais saudáveis, sermos mais comprometidos e responsáveis com o outro e com o sentimento do outro. Como eu sempre falo: nem tudo pode, nem tudo é permitido.
Já pensou que um “bom dia” e um elogio podem deixar o dia de alguém melhor? E se eu tenho esse poder, eu não deveria usá-lo?
Tenho esperança de que vamos voltar a sentir mais amor no coração e – mais importante do que tudo – espalhar mais amor por aí (mesmo quando a pessoa do outro lado ainda não estiver preparada para retribuir).
Mas atenção! Para cuidar da alma do outro, você precisa cuidar da sua. Então, na sua intimidade, na sua “bolha”, tenha pessoas que também alimentem a sua alma de coisas boas. E, nas horas vagas, espalhe amor para as almas por aí (mesmo quando elas ainda não souberem retribuir). Precisamos abrir mais o coração, sermos mais gentis e – desculpe a honestidade – menos idiotas.
E se eu estiver enxergando tudo errado, espero que um dia eu encontre o que realmente será capaz de alimentar minha alma e a das pessoas que eu amo (mas adianto que eu não pensava nada disso um ano atrás, então talvez eu já esteja em um caminho melhor).
Cuide de você, eu cuido de mim e, juntos, cuidaremos um do outro.
Por uma vida com almas saudáveis.
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