Ah, querido leitor. Lamento te dizer que não. E entenda que eu romantizo [quase] tudo nessa vida. Romantizo os exercícios físicos, a meditação às 5h da manhã e até o casamento (mentira, o casamento eu não romantizo, não). Mas eu não consigo romantizar o trabalho. E olha que eu sempre amei (e amo) o que eu faço. Então, por que não?
Porque uma coisa é algo ser tratado como um hobby. Você coloca energia quando dá, deixa de lado quando precisa e volta com força total quando quer. Outra coisa (muito diferente) é a obrigação. A obrigação com alguém ou com algo é capaz de tirar todo o glamour, todo o frescor e toda utopia que poderia existir (e talvez já tenha existido).
Eu resolvi que seria comunicadora com 13 anos de idade (ainda na 7ª série - como chamávamos, na época). Eu imaginava uma vida rodeada de pessoas legais, com viagens e muito dinâmica. Parte disso se realizou, parte não (nunca saberão quais são), mas eu sempre tentei (e permaneço tentando) ir atrás dos meus sonhos dentro da minha profissão.
Exigi reconhecimento, mudei de emprego, resolvi mudar de rota, e me dediquei às coisas que eu mais amava. Aliás, até hoje, eu amei tudo (percebo isso agora, olhando para trás). Amei o que era fácil, o que era difícil e as novas responsabilidades. Mas eu cometi um erro: romantizei demais e isso me frustou demais, também. Um grande erro, na verdade.
Entreguei todo o meu coração, e ele se partiu várias vezes. Várias vezes. Até eu entender que talvez eu estivesse esperando demais, porque havia coisas que eu não poderia controlar e, nesses momentos, eu tinha que conversar, respirar e (em alguns casos - salvo exceções) aceitar.
E esse foi o grande pulo do gato para eu resolver escrever esse texto. Eu entendi. Finalmente, eu entendi tudo isso e posso compartilhar com você, querido curioso. Compromissos decepcionam, pessoas decepcionam e trabalhos decepcionam. E como lidar com toda a frustração? Aí vai de cada um, né, mas a terapia vai bem, obrigada.
Mas então estamos fadados a uma vida nos lamentando do trabalho? Não. Aliás, muito pelo contrário. É aqui que a chavinha precisa virar na nossa linda cabecinha. Enquanto esperarmos trocas “impossíveis” com o trabalho e colegas, a vida permanecerá o próprio muro das lamentações. Mas quando entendermos o que dá para “sugar”, o que dá para “deixar passar” e o que dá para curtir, o trabalho pode deixar de ser utópico e se tornar uma realização REAL da sua vida.
Não importa o quanto a gente se doe, se entregue e se dedique de coração, sempre vai ter um olhar torto, uma crítica inesperada e julgamentos mil.
Não vai ser fácil, não vai ser sempre gostoso e muito menos maravilhoso, mas vai ser o seu trabalho. A sua dedicação de uma vida (grande parte dela, pelo menos) para entregar o seu melhor todos os dias. Aliás, todos os dias, não, porque você precisa descansar e lembrar dos pilares essenciais da vida (socialização, cuidados pessoais (físicos/aparência) e mente saudável).
Lamento te dizer, meu querido curioso, mas você precisa encarar trabalho como trabalho e aliviar essa pressão da cobrança e do amor impossível por esse compromisso diário que permanece em você. E por mais que você ame o que você faz, tem dias que você vai odiar. Tem dias que você vai precisar se afastar e tem dias que você vai sentir saudade.
Entendeu? É quase um relacionamento tóxico, eu sei. E é por isso mesmo que você não pode romantizar tanto e entender que trabalho é o que é: trabalho.
Liberte-se das cobranças, dos julgamentos e planeje seu horário para se permitir viver outras experiências na sua vida.
E não me entenda mal: ame sim o que você faz. Mas, antes de amar qualquer coisa ou qualquer pessoa, nunca se esqueça do mais importante: amar a você mesmo. Amar o seu corpo, o seu “eu” individual.
Capiche?
Até mais, curiosos! ❤️
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